Um espaço reservado para saudade.
Outro dia eu entrei em minha casa.
A casa onde eu nasci e de onde, eu creio, nunca saí.
A tia Anália, então com 94 anos, olhou-me diferente.
Disse estar contente por eu ter chegado com a minha mãe.
Perguntei-lhe, então, onde minha mãe estava.
Os olhos da tia Anália brilharam olhando em minha direção:
Sua mãe está ao seu lado!
Dizem que mães não morrem.
E eu quis crer que era verdade.
Dei vazão aquele momento mágico para matar saudade.
Vi um sorriso saudoso na face da Tia Anália.
A tia Linda, meio sorridente, como uma criança angustiada.
Pensando que a Anália, doente, pudesse estar atrapalhada.
Havia ali, entre nós, algo misterioso contido.
Estávamos entre o estreito limite da realidade
e ao que a Tia Anália nos induzia.
Levados pela magia nenhuma palavra foi dita.
Uma luz oculta, bendita, envolvia.
Tão suave quanto misteriosa:
Teria a Rosa se deslocado do jardim do céu
para vir buscar a irmã, minha tia?
Não, naquele momento só senti que ELA me protegia.
Alucinação?
Parecia verdade!
Era como se a eternidade permitisse
Era como se a eternidade permitisse
que fugisse para matar saudade.
Foram momentos de total enlevo e beleza.
Uma leve estranheza brotou em meu coração.
Senti minha mãe, por instantes, bem perto de mim.
Como um místico sopro.
Foram momentos de total enlevo e beleza.
Uma leve estranheza brotou em meu coração.
Senti minha mãe, por instantes, bem perto de mim.
Como um místico sopro.
Foi tão sublime...
Pena que foi só aquele momento.
Suave momento...
Logo os anjos invadiram o firmamento
Logo os anjos invadiram o firmamento
E levaram a minha Mãe.
Foi em 24 de março de um ano distante
que nasceu no jardim da terra uma Rosa.
A nossa Rosa mãe.
Mas ela era uma Rosa diferente
Falante, sorridente.
De olhos azuis da cor do céu.
Ela floriu até o dia que Deus pediu
que ao jardim do céu ela voltasse.
Entraram em um acordo:
Mamae Rosa aceitou
desde que novas sementes Ele semeasse.
E Ele semeou:
Todos os seus netos.
E, agora, os bisnetos
em nosso jardim
E foi assim...
que Ela partiu.
2 comentários:
Ahh morrem não??!
Meu Deus que alívio...
E que momento divino!!!
Tu bem que merecestes...
Tia,
linda homenagem.... e que bom sentir as pessoas que a gente ama junto da gente, mesmo que por poucos instantes! Hoje tem festa no céu, com certeza.... e a maior estrela brilha forte, de amor e muita saudade!
Beijos,
Ana.
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