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quarta-feira, 9 de julho de 2008

Nove de julho de 1932

Ontem, eu tentei uma rápida pesquisa enquanto atendia alguns pacientes. Comentava sobre o feriado de hoje e o que o dia significava para eles e foi com tristeza que percebi o desconhecimento da maioria. Será que é por que o feriado é recente?
A data foi reconhecida como fato histórico pelo governador Mario Covas em 1997.
É de entristecer que as pessoas não saibam tamanho significado, não só para os paulistas, mas para todo o povo brasileiro.
Dia 9 de julho é a data que comemora o dia da revolução constitucionalista de 32. Toda a população se uniu em torno do mesmo ideal, provocando uma guerra civil para que o Brasil tivesse sua Constituição. Guerra esta, que custou à vida de muitas pessoas. Mesmo saindo perdedor, São Paulo tem muito a comemorar. O resultado históricamente foi importante porque iniciou-se, ali, o processo de democratização: em maio do ano seguinte foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte e
as mulheres votaram pela primeira vez.
Mas, tudo começou com a revolução liberal de outubro de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Ele assumiu a presidência do Brasil em caráter provisório, mas com amplos poderes. Todas as instituições legislativas foram abolidas, desde o Congresso Nacional até as Câmaras Municipais. Quer dizer, as instituições legislativas e executivas passaram a ser dirigidas pelo Governo Federal. Os governadores dos Estados foram depostos e para suas funções, Vargas nomeou interventores que agiam em nome dele(Vargas). No caso de São Paulo, normalmente, eram interventores estranhos e desconheciam o grau de desenvolvimento e progresso do Estado, mais prejudicavam que ajudavam. A partir daí, os paulistas passaram a reivindicar um tratamento melhor a São Paulo e aclamavam pela reconstitucionalização do País. Pediam o respeito às leis, à Constituição, ao regime de estado de direito que o Brasil tinha se afastado.
O movimento não ficou restrito a São Paulo, vários Estados também estavam preocupados com o restabelecimento do regime democrático no Brasil, entre eles, o Rio de Janeiro, que era a Capital Federal, Minas Gerais, Alagoas e o Rio Grande do Sul. Em 23 de maio, houve uma manifestação pública na Praça da República, houve um conflito onde foram mortos quatro estudantes: Euclides Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza e Antonio Américo de Camargo Andrade. O que era uma simples manifestação de protesto contra a ditadura, instigou a revolução. O nome dos quatro (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) designou o movimento paulista MMDC, que visava à proteção do Estado de São Paulo e a organização da revolução. No dia 9 de julho explodiu a revolução.
A Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo São Francisco, foi transformada em primeiro posto de alistamento de voluntários para as frentes de combate. Formaram-se batalhões. A preparação militar foi rápida e improvisada para voluntários.
São Paulo contava com o apoio dos militares de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Mas, somente Mato Grosso manteve-se leal a São Paulo. Os paulistas mobilizaram-se com todos os recursos possíveis, materiais e humanos para defender o Estado.
Foi uma batalha de curta duração, mas de intenso valor, houve até a campanha do ouro, onde as pessoas desfaziam de seus valiosos pertences para ajudar a revolução. Lembro de meu pai contando e mostrando com orgulho o certificado recebido pelo apoio dado ao Estado de São Paulo (lógico que muitos anos depois, eu sou novinha).
Após três meses de batalha, os paulistas se renderam. Mas, esta derrota não significou a derrota dos ideais de constitucionalização.
A Assembléia Constituinte reuniu-se nos últimos meses de 1933 e elaborou a Constituição brasileira, que foi promulgada pelo presidente Getúlio Vargas, em 1934.
Este grandioso dia serve como reflexão sobre os direitos conquistados a base de muita luta e coragem dos Paulistas. Sinto orgulho de ser brasileira e de ter nascido neste grandioso Estado, que corajosamente mudou a história do país.

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, hein? Maraláxia tb é cultura.....................
Beijos, Ana.

Fátima disse...

o Pai da Aviação, Alberto Santos
Dumont, também comprendeu a finalidade da Revolução e aderiu a ela, aos seus ideais, que resumiam em colocar o Brasil, novamente, dentro da lei. Mas, como homem reto e bom, ele sofreu enorme choque moral, ao perceber que seus aeroplanos estavam sendo usados como arma de destruição. O abalo foi tão grande, que ele resolveu sair do campo terreno e voar para o infinito. Assim, ele decidiu partir de forma triste,também neste ano, no dia 23 de julho de 1932.

Maraláxia também é cultura.

hesseherre disse...

Meu pai era oficial (tenente de infantaria) e alistou-se por São Paulo nesta revolução de 1932. Meses depois com a rendição ele foi chutado do Exército e foi trabalhar, aqui no Rio, na Light. Eu tenho até hoje uma foto dele ao lado de um caminhão da Cia, com escadas penduradas nas laterais, e com outros colegas.
Depois ele como tantos outros, foi anistiado e voltou às fileiras. Agradeço este teu post, eu ignorava muitos detalhes da trama toda - eu nasci em 1937 e ele se casou com minha mãe em 36.Grande beijo de quem te quer muito.

Fátima disse...

Eu nasci, muito, muito tempo depois. Mas, repasso o que eu li e me ensinaram.
Obrigada pela visita.
RF