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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Brindei


As anoréxicas vacas.
Ao vôo dos cupins alados.
A chuva mansa caindo.

E brindando brinquei.
Sonhando e sorrindo
... Brindei!

Aos erros e acertos.
Aos meus queridos amigos.
Ao céu e estrelas cintilantes.

Brindei
A lucidez e a minha loucura.
E a todos os sonhos errantes.

Olhei pro céu todo nublado.
Cheio de estrelas artificiais.
Fogos cintilados!

Procurei uma estrela entre eles.
Apenas uma!
Misteriosamente oculta.

Nem neste dia, ela, aparece.
Me esquece, nublada se esconde.
Procurá-la, onde?

Bom que a chuva tenha vindo
... E que, tenha me enganado.
O céu permaneceu nublado.

Quem sabe?

Talvez ela, lá, estivesse
E se chuva não houvesse
... Eu vê-la pudesse.

Sorrindo permaneci.
Nada vi, me enganei!
Olhei pro céu e brindei.

Um brinde a você:
" Estrela escondida ".
Contida; apenas um sonho.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Jesus

Quem foste tu, menino diferente
que, em atitudes, fizeste germinar tão boa semente?
Ainda, hoje, falam do teu plantio.
Da tua força e da tua coragem.
Sentam a tua mesa e lêem tua mensagem.
Falam em teu nome!
E de teu corpo e sangue saciam a fome.
... E pecam!
Ainda, dizem ser santos e capazes de aliviar as dores.
E de absolver pecados; pobres pecadores!
Falam em nome da vida eterna e prometem o céu.
E existem mulheres que, em teu nome, ocultam a face sob o véu, o manto.
Quem és tu, ainda moço, profeta e santo?
Consta a história que, tua vinda foi anunciada por um anjo a Maria.
E com alegria ela te concebeu e José te aceitou e até o nome te deu.
E que, ainda jovem, foste morto na cruz.
Diz ter sido enviado por Deus para sofrer, morrer e na terra ser nossa luz.
Teu nome... Jesus!
Nada diz do teu tempo de ausência.
Tua mãe, com certeza, ao pai pedia clemência.
Sumiste em um período da vida.
Onde estiveste, onde andaste ou o que fizeste?
Às vezes parece que te encontro em tanta rebeldia.
Mas, crendo em ti, eu sinto coragem e alegria.
Quero crer!
Eu quero crer que foste e ainda és diferente.
Que vieste pra salvar a gente.
Eu quero crer porque eu preciso de tua luz.
Não sei se ao céu ela me conduz. Mas, eu te preciso!
Me ilumina...
Por favor, desta crença eu preciso.
Vem aqui, fica comigo!
Também preciso deste abrigo.
Jesus, acenda em nós a tua luz.
Em 2008 ilumina-nos.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Feliz 2008 e não esqueçam o gato

... E o tempo passa a uma velocidade incrível, já estamos em mais uma fração do tempo. Mais um ano!
Li que, há uma diferença entre à hora solar verdadeira e à hora solar média. Há uma equação do tempo.
Li li e sabe o que percebi?
Que, realmente, o tempo é intempestivo.
Será que é o "meu tempo" ou a vida parada do meu sertão que ficou agitada? Às vezes sinto como Gregor de " Metamorfose " diante deste mundo corrido.
Corro, corro, corro e tudo se mistura a grandeza de querer simplesmente ser, na mais pura essência e o compromisso de assumir as necessidades do viver e, por vezes, ter.
E por assim querer, um inseto!
Quantas vezes perdemos o verdadeiro sentido humano nesta correria.
O tempo urge e corremos. E ele não perdoa! Competitivo, ele corre mais ainda. E por falar nele, leiam esta fábula curta de Franz Kafka:
( Tradução de Torrieri Guimarães )
" Ai de mim! ", disse o rato, " o mundo vai ficando dia a dia mais estreito ". " Outrora, tão grande era que ganhei medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que eis já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair ".
" Mas o que tens a fazer é mudar de direção ", disse o gato, devorando-o.

Feliz Ano Novo à vocês, queridos amigos e visitantes da Maraláxia.
Desejo que, vivam felizes nesta nova fração do tempo- 2008.
Tenham felizes dias neste tempo absurdo que nos atropela a cada fração de segundo.
E não esqueçam o gato!
Ou não vivam como ratos.
Feliz tempo na vida de todos nós, simplesmente humanos.
Beijos intempestivos da Maraláxia.

sábado, 22 de dezembro de 2007

O saco do Papai Noel


Verde, que te quero verde.
De janeiro a janeiro, o ano inteiro!
Você é luz e no natal é a esperança de Jesus.
Comemoramos o menino vindo lá do céu.
Sem barba branca e sem roupa vermelha.
Apenas anunciando sua chegada, uma estrela.
Ela iluminava a direção e o caminho do Salvador.
Um presente, aqui na terra, do Senhor:
Seu filho por doação!
Promessa de vida eterna e de salvação.
Natal comemora Jesus!
Abraço o pinheiro na verde esperança desta luz.
Olho em direção ao alto, até onde o meu olhar alcança.
Olho para a rua, vejo o Papai Noel e muita criança.
É... comemora-se o natal.
Consumismo, compras desmedidas.
Olho os meus natais, lá, do passado...
vejo o meu Papai Noel pobre e cansado.
Olho o natal atual... o detonador de cartão de crédito.
Olho para o céu:
Lá vem ele, o safado do Papai Noel.
Que saco! Gifs - Flash - Fotos e Videos Para seu Orkut

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Mensagem de Natal

Mensagem de Natal

Quero ser estrela... árvore...
Caminho!
Mas, madeira pra bercinho...
NÃO!
Aqueço, de longe, em meu coração.
Posso ser desajeitado e alegre caminho.
Mas, eu não quero ser um caminho sozinho.
Quero ser percorrido por amigos verdadeiros.
Não só no Natal, mas o ano inteiro.
Eu quero a felicidade com vocês!
Quero este cantinho...
Quero ser uma pedrinha, uma pedrona ... um pedregulho!
Quero ser muito barulho:
no caminho... na floresta...
Quero ser, com vocês, pura festa.
Feliz Natal!

domingo, 16 de dezembro de 2007

A Sereia do Horizonte

Há um horizonte de uma sereia.
Onde não há mar e nem areia.
Um horizonte no mato, caipira.
Também no mato, a lenda inspira.

Neste lugar, não há Orfeu nem lira.
A sereia do mato quase nem canta.
Somente encanta com seu contorno.
E causa transtorno quando anoitece.

Caminha luminosa com sua alvura.
É estrela, dando beleza e luz à lua.
Passa cheia de graça, cheia de curvas.
Que, de tão alvas e bem delineadas...
até parecem ser prateadas.

Neste horizonte, ela encanta.
E, neste mato, ninguém canta.
Não adormece e nem aborrece.
Não tem Orfeu
... nada!
Só tem Sereia, toda escamada.

Neste mato, deste Horizonte...
Não tem navio, nem navegante.
Só tem uma fonte!
Nem tem mar e nem tem areia.
Neste canto, não tem nem canto.
Só tem o encanto de uma sereia
.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Despedida

Vá, pode ir agora.
E quando voltar...
eu estarei em algum lugar do passado.
Tudo estará acabado!
No céu, a estrela luminosa.
No jardim, a rosa.
E no mar e na areia, não só morre Orfeu
Mas, também, a Sereia.
Acaba a graça!
Do circo da vida, a palhaça.
Vá, pode ir!
Mas, antes de partir, deixe o que tirou de mim.
Que seja assim o seu tormento.
Que seja esta a sua agonia.
Quero, de volta, todos os momentos.
Que seriam dedicados aos que me amaram um dia.
Vá, pode ir!
Já me fez esperar, chegou à minha hora de sair.
Agora eu serei passado.
Tudo estará acabado.
Vá... pode ir!
Eu não estou aqui e nem aí.
Sumi por aí.
Tchau!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Foscas estrelas

Não sei se eram pássaros.
Voavam!
Não sei se eram peixes.
Nadavam!
Não sei se eram estrelas.
Brilhavam!
Não sei se eram humanos.
Amavam!
Voavam mas, sempre, ao redor do ninho.
Nadavam, sempre, em um pequeno aquário.
E eram estrelas neste imaginário.
Amavam como seres humanos.
Contestavam todos os desenganos.
E não mudavam nada!
Só sonhavam planos.
E voaram...
E nadaram...
E como estrelas... apagaram!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

APAE

Vi o teu rosto, lá, estampado
e meus olhos, de lágrimas, encharcados.
Chorei ... e chorei muito!
Vi homens de rostos endurecidos,
com lágrimas, também, amolecidos.
Senhor eu sei que me chamaste.
Fui convidada para estar lá!
Sei que tu me amas.
Por tudo que a vida dá.
Mas, às vezes eu te contesto.
Senhor ...
Onde estavas naquele momento?
No momento em que foram gerados?
Estavam lá com o teu rosto, neles, estampado!
Em cada gesto, em cada rosto, em cada falso movimento ...
Não houve nenhum lamento.
Nada!
Eles estavam felizes e tanto ...
Recebi uma rosa e aumentou o meu pranto.
Chorei, eu não podia me conter.
Eu te vi e não consegui entender.
Meu Deus ... Obrigada!
Que mistério a vida envolve?
Que quiseste provar com isto?
Levaste-me até lá pra isto?
E foi tão sublime, tão lindo.
Eles, pra mim, sorrindo.
Eu te vi e não entendi.
Por quê?
Sim!
... Eu existo e bem!
Que mistério há além?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O arco-íris

Era verde, eu sei que era.
E... amarela!
E de repente, gotículas de chuva
que, em bonança, vem leve e mansa.
Caem!
E quando amanhece e o sol aparece...
Faz com sua luz, a dispersão.
E nas gotas da chuva...
Realiza o milagre da refração:
Múltiplas cores!
Uma ilusão de ótica, talvez fosse.
Não importa!
Que bem a chuva trouxe.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Cinza

Certa de que, o verde era verde...
Também certa de que era uma boneca.
Pois, dela, tomava forma.
Normalmente o seu cabelo era avermelhado.
A roupa, sempre verde,
parecia um manto desabotoado.
E era embalada com doçura em minha cantiga.
Apenas uma espiga e naquele momento, eu a amava.
Ao afagar o seu ralo cabelo,
ela parecia sorrir,
mostrando parcialmente seu amarelado dente.
Ao meu lado, meu irmão brincava, também contente.
Vaquinhas feitas de manga em um piquete de palito, montadas.
Dinheirinhos de folhas, de feijão guandu, espalhadas.
Inúmeros coelhos no solo inferior do forno a lenha.
O Bob, meu cão, uma charrete e um animal.
... Outro, outro e outro natal!
Mas, antes, era o meu e o seu aniversário.
E hoje é seu aniversário!
Quantos já passaram?
Já não lembro.
Também não lembro a cor daquele dia em que o vi partir.
Acho que era cinza a última cor que eu vi.
Desta cor eu não tenho tanta certeza.
É pai ... acho que era cinza.
Nesta cor...
eu me perdi.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

RIGOLETTO - G. VERDI - Donna E Mobile

Verde que te quero verde!
Verdiiiii!!!!

Verde

Era uma vez um deserto
que, não era tão perto.
Como todo deserto ... seco!
De repente um verde surgiu.
Era verde, eu sei que era!
De repente, o verde sumiu.
Pensei que pudesse ter morrido
ou estar em algum lugar perdido
ou então, sendo verde...
ter sido usado como abrigo,
ou ter virado pastagem,
ou integrante de uma paisagem.
Não sei, sumiu!
Que triste!
Mas, era verde!
Verdi?
Verde... era verde!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Shadowlands

Recebi um e-mail que, falava sobre mais uma definição do amor.
Resumindo:
A dor que sentimos pelas pessoas que amamos faz parte da felicidade que tivemos.
Ambas são condições de ambas.
... E argumentava como assunto:
Será?
Por que amar se perder dói tanto?
E eu lhe pergunto:
- Por que projetar se sabemos que, só são nossos os encantos?
... Ou desencantos?
Projeções de quereres.
Sempre existiu assim e continuará pelo sempre.
Sentimentos, vários, misturados. Explodem em emoção, transbordam em alegria. É o amor!
Todos os nossos quereres vislumbrados.
Até que o tempo acontece e os sentimentos mesclados ou projetados, tornam-se claros, reais.
Já não são mais iguais ao deslumbramento primeiro, vem o lamento que faz com que caiam gotejantes, os sentimentos mais belos.
Gota a gota, dia por dia, pelo não suprimento de nós mesmos.
Sentimos um vazio imenso, pensamos que nos tiraram algo e buscamos mais. Mas, mais exigentes, nos decepcionamos, porque não mais encontramos.
Sofremos, então, pelos momentos idos. Saudades!
Esta busca é infinita, sofrida e ao mesmo tempo bela e está em nós mesmos, intrínseca.
Felizes os que, ainda, buscam!
Creio ser necessário o equilíbrio de nossas buscas e sonhos, para que o despertar seja sereno.
Mas, o projetado é complexo e não temos domínio sobre ele
... ou sobre esta complexidade de sentimentos desejados e o nosso avesso que é propenso a doer... Dói, e dói muito!
Ainda mais quando ligamos fatos atuais aos, já, passados.
E mais uma vez erramos, porque pensamos ou nos esquecemos que também o passado não foi tão completo.
E assim vivemos nesta infinita busca do amor e na cobrança da eterna felicidade, nunca a encontramos onde nós estamos.
Dá um belo poema, é um Velho Tema, como diria Vicente de Carvalho:


" Quero que meu amor se te apresente
-
Não andrajoso e mendigando agrados,
mas tal como é:
— risonho e sem cuidados,
Muito de altivo, um tanto de insolente.
Nem ele mais a desejar se atreve

Do que merece; eu te amo, e o meu desejo
Apenas cobra um bem que se me deve.
Clamo, e não gemo; avanço, e não rastejo;
E vou de olhos enxutos e alma leve
à galharda conquista do teu beijo."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Sena


Diante dele, o vento batia em mim,
brincando com o meu cabelo,
e nesta cena, eu brincava de fotografia.
E em meio a toda esta alegria,
além da beleza do Sena,
eu observava valores, os mais importantes!
A solidariedade, as brincadeiras
e o carinho de sempre, do meu irmão
... o de antes!
Também fotografei, aqui, em meu coração.
Tem coisas que, a gente fotografa e guarda para sempre.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Brindemos

Aproxima de mim, a outra idade.
Mas, na verdade, nada muda.
Apenas um número acrescentado.
Alguns traços a mais, em mim, marcados.
Continuo a mesma, exercitando o meu contente.
Desnudo a minha alma, sempre!
Não tenho porque temer esta nudez.
Mostro-me toda, como da primeira vez:
A infância!
Pinto a vida multicolorida
Com a transparência do meu ser.
Ainda sou aquela menina, da infância primeira.
E levo na brincadeira, quando me chamam de louca.
Louca, desvairada, impulsiva e impetuosa.
... E eu sou apenas uma rosa.
E sinto medo de, como tal, perder o perfume ao murchar a flor.
E neste medo, sinto na idade, o peso da dor.
Não... não pode ser verdade!
Uma rosa não tem idade.
E também, não quero que haja, em mim, metamorfoses pra sobreviver.
Não quero ser transformada em um pássaro cansado,
pra deixar ser apanhado e vir a sofrer.
Nasci rosa e como rosa, neste jardim, hei de florescer.
Felizes os que crêem e vivem nesta loucura.
Felizes os que partem, assim, para a velhice.
Eterna criancice, doçura!
Viva a vida!
Tal qual ela é, muito louca, abençoada
... e por mim, amada.
A todos que, fazem parte de mim...
que me aceitem assim.
Um brinde a minha nova idade!
Aos que, já me esqueceram...
Eu não os esqueci - Saudades!
Enfim, obrigada a todos que, participam ou participaram da minha história,
estarão sempre em minha memória, doces criaturas.
Parabéns a todos vocês ...
pela paciência com minhas loucuras.
Obrigada!
Então... brindem comigo, vai!
Dia 2 é meu aniversário ...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Câncer

Abatido, engolia o contraste,
em forma de suco e com fome.
Na maca, ao lado, gemia um jovem homem.
Fisionomias sombrias e tristes.
Rostos sem cor, transtornados pela dor.
Cabelos perdidos, olhares ausentes.
Doentes!
Esperando a cura ou certos da morte.
Jovens, pela quimioterapia, envelhecidos
E idosos que pareciam, já, ter morrido.
De repente, a suposta sala de espera, me desespera...
Sem sentido, uma linda menina, de cílios enormes e morena tez
Aproximei-me de Deus, questionando o porquê isso lhe fez.
A pele aderida aos ossos finos, delicados.
Parecia um
pano moreno, dobrado!
E... surge um anjo que eu bem conheço
Também de olhos e cílios enormes e de morena tez:
Iara, salva esta menina!
Deus pra isso lhe fez.
Tia... ela tem leucemia
e a tumografia, também, evidenciou imagem sugestiva
de lesão, metastática frontoparietal, expansiva.
Tuberculose do sistema nervoso central.
É raro e de alta letalidade.
Meu Deus, meu Deus!
Não tem idade.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Meu retrato


Pede-me um retrato.
Ele é apenas parte de mim
e sendo assim, um esboço.
Resgato o meu melhor retrato,
é este o meu rosto.

A criança que,
ainda, em mim existe.
O que melhor a vida me deu
e, ainda, persiste.
Esta... sou eu!

domingo, 25 de novembro de 2007

Fotos mescladas


Mesclo as fotos.
Resguardando o meu rosto.
Que importa a minha face?
Ela é apenas meu esboço.

Minha figura é mais completa,
Porque eu sou toda verdadeira.
Quando eu falo ou escrevo...
Já me mostro por inteira.

Queres ver-me, mesmo assim?
Por que queres saber de mim?
Não entendo teus quereres.
Não te dou estes prazeres.

Mesclo as fotos
... Mesclo sim!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Viagem além

Deixou que eu partisse angustiada.
E quando eu retornei,
não havia mudado em nada.
Seu jeito enciumado,
cada vez mais atrapalhado,
tentando me render.
Não me rendi a nada,
e nem me fez sofrer.
Eu me deliciava pela região de Toscana...
Enquanto você remoia, seu besta ciúme, na cama.
Bastou o retorno, e em uma batida ...
quase que, você perde a vida.
Chegou calmo e sereno.
Viu que o mundo é pequeno.
E que a qualquer hora,
estamos de partida.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Toscana



Vislumbrem a paisagem.
Não parece uma miragem?
Rendi-me aos encantos de Toscana.
Terra do renascimento.
E com encantamento, vislumbrei cada canto desta região,
a sua história.
As colinas cobertas de olivais e parreiras.
E os carneiros que, participando da bela paisagem,
pareciam em um presépio, na tranqüilidade da pastagem.
Passávamos dando tchau a eles,
dizem que é para dar sorte e tudo ficar ameno.
E ainda pelas colinas, víamos ordenados, lindos rolos de feno.
O trajeto era tão lindo...
E tínhamos nestes dias,
os vinhos -
Chianti e Brunello de Montalcino para beber,
e a vida para viver.
Brincadeiras mil, misturadas com verdades.
Saber que, lá, era a terra dos antigos Etruscos,
(falávamos moluscos) que, de corpo mole não tinham nada.
Meu Deus, que coisa linda e quanta história.
Senti como se fosse uma formiguinha deslumbrada,
tão pequena... não sabia de nada!
Muita beleza e muita história.
É preciso muito, ainda, viver e
aprender.
E viverei!
... E, para lá, ainda um dia, eu retornarei.
Este canto, esta região, não dá para esquecer.
E eu jamais esquecerei.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Doce Olívia

As fotos da capela Sistina eu estava olhando
e da Sra. eu fui lembrando.
Quando Michelangelo retrata a visão do inferno
em uma cena dos pescadores.
Também pecadores, eu não sei.
E Caronte, o barqueiro da Divina Comédia de Dante,
empurra-os ao fogo eterno.
Senti um arrepio, até um calafrio.
Não!
A Sra. não poderia estar lá.
Estragaria toda aquela beleza, com certeza!
Não sei se é uma pecadora.
E juro que eu não acredito que capaz, de tanto, fosse.
E nem creio que mereça o fogo eterno,
já viveu e vive em seu criado inferno.
Também não sei se é maldade sua ou doença.
E nesta minha incerteza ou crença...
Peço que me esqueça!
Antes que o fogo do inferno também me aqueça.
Em minha vida eu nunca tive inimizade
e, agora, nesta minha idade...
a Sra. permite algo, até então, em mim desconhecido.
Dói como se fosse uma chaga em um ser ferido.
Peço a Deus que é todo poderoso...
Que me envolva em um abraço forte e gostoso
e à Sra Ele me leve!
E em um gesto breve eu estenda a minha mão.
Por mais uma vez, se necessário.
Que a coloque em um santuário.
E que não transforme as suas ofensas
em minhas reais crenças:
de que o céu persiste
mas, o inferno, aqui, existe.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Michelangelo

Nem sei dizer o que senti.
Mas, eu estava lá,
parada diante de Maria
que, com ar angelical,
seu filho Jesus,
em seu regaço, ela acolhia.
Jovem, bela e triste.
E não é só isso que, lá existe:
Moisés e depois...
Depois, em Florença,
diante de Davi... eu me rendi.
Chorei de emoção!
A sensação foi tão diferente.
Eu estava lá,
diante do belo extremo.
Fiquei parada como um extraterreno.
Tentando desvendar algo desconhecido.
Tentando entender, este grande ser vivido:
Michelangelo!

domingo, 18 de novembro de 2007

Portugal, eu também te amei

Castelos...
E as castanhas portuguesas,
nada igual, tenham certeza.
Assadas, nas ruas, também.
E os pastéis, da torre de Belém
As famosas queijadinhas de Sintra,
da dona Sapa, nada igual.
Também, isso, é Portugal.
Em Mealhada, o melhor leitão.
Bacalhau, sardinhas, queijos, azeites,
e vinhos, degustei.
E em Óbidos, ao tempo, eu retornei.
Lisboa, lugar tranqüilo,
de casais idosos que, caminham lado a lado.
Lá eu vi que nem tudo termina, ou está acabado.
Argumentei o passado e no tempo, eu mergulhei.
Entre o efêmero e o perene, eu flutuei.
Fernando Pessoa, Camões, Vasco da Gama ...
E o Felipão, que não é bobo não,
mora em Caiscais, lindo o lugar.
Queluz, Fátima, Estoril e Coimbra...
Lugar de muita história,
boa comida e gente sem igual.
Praça Marques de Pombal.
Portugal!
Está aqui, bem estreito em meu coração.
Saudades!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O Plátano e a rosa

E, ainda, há quem diga:
Não espere nada da vida.
E ela é tão maravilhosa...
E esta rosa viveu dias intensos.
Em um sonho imenso mergulhada.
Nem o vento, deixou a rosa desfolhada.

Outono...
E as folhas dos plátanos,
deitaram ao chão, em passarela.
E sobre ela, desfilou a rosa.

Cheia de prosa,
no esplendor da natureza,
que com tal leveza,
as folhas, os plátanos desprendiam.

Multicolorido outono....
Despem-se assim, a cada ano.
Poupam para o inverno, a energia.
Desfolham e nem se desesperam:
Despencam!
...em harmonia.

Até...
chegar nova estação,
outro verão...
nova alegria.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Alimentam-se os vivos

“Enterram-se os mortos e alimentam-se os vivos”
Frase dita pelo Marquês de Pombal quando Lisboa foi abalada por um violento tremor de terra.

E foi assim que eu parti.
Por lugares nunca antes ido.
E mesmo antes de ter partido,
tentei ressuscitá-lo.
Tentei trazê-lo a beira de mim.
E mesmo assim, arredio e triste
deixou que eu partisse.
Triste também.
Fui mares além:
Lisboa, Coimbra, Sintra, Colares.
E nestes ares...
Cascais, Aveiro, Porto, Óbidos, Mealhado
Queluz e a Fátima de luz.
Roma, Vaticano, Montepulsiano,
Chianciano, Pienza,
Montalcino, San Gemignano,
Pancole, Vicopisano, Pisa, Florença,
Parma, Milão e ...
Paris!
E voltei muito... mas, muito feliz.
Grande e louvavel Marquês de Pombal:
" Enterram-se os mortos e alimentam-se os vivos".

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Demolidor de sonhos

Correr em busca do ter, e neste ter, tudo perder.
Que arbitrariedade!
Neste super tudo encontro a subjetividade.
O submundo do falso e ilusório poder.
O inexplicável sentido do mais ter.
A ilusória liberdade financeira fútil,

onde ter mais parece ser tão útil.
Falsa liberdade do poder,

onde tudo compra e consome.
Vaidade das vaidades de um homem!
Minha liberdade não é absoluta

e também tenho algumas vaidades.
Mas, eu não nego meu louco ser

e nem renego o pouco ter.
Basta-me o palco de loucura

onde minha vida dança.
Basta-me o improvável limite

que, o meu sonhar alcança.
Livre sonhar, livre pensar, livre criança!
Pois é... Sério homem!
Pobre adulto desnecessário.
Mais parece um sacrário insano.
Nobre ser, nobre santo, pobre profano!
Quanta seriedade pra ocultar verdades

ou pra suprir vaidades.
Renega a própria liberdade e no ter se esconde.
Corre tanto e eu nem sei pra onde.
Corre de forma indefinida, escravo da própria vida.

Culpas indevidas!
Tenho pena do homem, assim tão sério.
Quando chegar o climatério e pela idade já vencido...
Terá tristeza de louco não ter sido

e bestamente ter vivido.
Onde estará sua verdade, a sua suposta liberdade?
E a sua vaidade?
Pobre rico homem sério...

Deprimido e velho!
Na correria de tanta andança,
deixou de sonhar como criança.
E agora na velhice... Dança!

Mas, antes mata.
Destrói sonhos de qualquer ser.
Destrói todo o bem querer... Cansa!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Vou procurar-me e já volto

Ousada estrada que me convida.
Inebriada pela vida eu vou.
Não se desesperem.
Quando menos esperarem, retornarei.
Mil novidades, eu lhes contarei.
Atropelarei as palavras, tentarei contar-lhes tudo!
Enquanto isso, vocês lêem, de longe, o meu contente.
Minha poesia ecoará no ausente.
Explodirá como uma nebulosa,
... de longe, a estrela Rosa.
Das profundezas de meu ser,
explodirá o meu bem querer.
Por todos vocês!
Que, aqui passam e deixam recados, fazem graça!
A Maraláxia é atropelada por minhas palavras desconexas.
Mas, elas têm muito de mim.
E sendo assim, não as joguem ao vento.
Tem muita alegria, tem ternura
... e, às vezes, algum lamento.
Não são meras palavras.
Em cada um de nós tem algo assim.
Todos vocês tem um pouco de mim.
Não somos 100%.
Procuro o meu restante.
Procuro o meu “eu” de antes.
Devo estar em algum lugar.
Estou indo a me procurar.
Manoel, Maria... Viram-me, por aqui?
Ahhh!
... No Louvre?
Rumarei para lá, então!

O que a monalisa faz quando o Museu do Louvre está fechado?

Leonardo!
... Que coisa!

domingo, 21 de outubro de 2007

Del Shannon - Runaway (1965)

Aguardem-me!

Das delícias da carne me desprendo.
Juro, eu me rendo!
Levanto vôo bem distante.
... Voarei por outros mares.
Conhecerei outros lugares.
Você fica!
Ganhe todo o dinheiro possível, do seu mundo.
E quando chegar a hora de ir embora...
Respire fundo.
Verá que não levou nada!
Será transformado, por certo, em um terreno deserto.
E quem sabe, em um lugar incerto...
Uma vela!
Todos os orifícios...
Tapados!
Nem, isso, adiantou ter preservado.
Como consolador, na lapela- uma flor.
Coroas mil!
Será pó, neste céu de anil.
Da vida, meu amigo, você não levará nada!
Apenas a vontade de ter sido
E será tarde, porque já terá ido.
Eu já fui, estou indo!
... Apenas em uma bela viagem.
Chega de sacanagem!

Calma, eu volto.
Aguardem- me, aqui!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O lençol e eu

Pra não dizer que só falo de flores...
Falei de amores, pedi amores!
E o meu corpo, suado e cansado,
saltitante e suplicante,
rola e brinca de poesia.
Deita e adormece!
Os sonhos?
Continuam, jamais fenecem!
Misturam-se a outros sonhos:
Desejos, fantasias.
Sinto a minha pele macia que se deleita
e preguiçosa, espreguiça.
Rola e encosta
e no lençol... deita.
Também ele me acaricia.
Apaixonado!
Meu corpo macio, nele encostado.
As curvas ficam suspensas, relevantes.
E o lençol pede suplicante
que, nele, eu me encoste.
Mas, as curvas se elevam flutuantes.
Sorrateiras zombeteiam.
Contorcem fazendo graça.
E ele adoça- me, roça-me, envolve-me.
Sinto seu toque acariciante.
Ficamos assim por um instante.
Em êxtase, magia!
Sentindo-nos, curtindo-nos.
Hora de levantar!
E os sonhos... ficam por sonhar.
Acordo!
.........
....
Bom dia!
Maraláxia sonhante.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Brete



Tosquiando o cordeiro...
Mais um ato corriqueiro, não fosse tão perto.
Em um lugar incerto sempre há alguém preparado para matar.
A sede de vingança saciar.
E foi assim, perto de mim, em um horizonte tranqüilo que tiros dispararam despercebidos.
Ao som de fogos de artifícios... gemidos!
... que ficaram abafados.
Atrás do brete, um peão caído, baleado.
Não foi um engano!
Mais um ato preparado, humano
... Desumano!
Discórdia, rixa, competitividade.
Algo que mancha o nome da pequena cidade.
Receberam com bala, o principal peão convidado.
Muito triste!
Triste saber que, aqui existe algo assim, perto de mim.
A cidade calada, desolada, inquieta.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Tempestade Humana

Em pensamentos, absorto permanece.
Alheio, como se triste, suficiente fosse.
Alheio a música que soa linda, suave e doce.
Alheio às crianças que brincam
e adultos que circulam, dançam!
A voz que vocifera, oculta e silenciosa,

neste seu olhar de fera.
A tentativa do toque, o balançar na rede.
O enorme chopp para matar a sede. Festa!
O desabrochar da natureza em plenitude,
que, com tal solicitude o convida para degustar a vida.
Animais que pastam ao som de violões que tocam.
Vozes que em tons felizes cantam e felizes encantam.
O berrante, a graça; o vento que agita e passa.
Cabelos despenteiam!
Um violino que range e uma flauta que pia.
E na pia... inúmeros copos!
E a tempestade humana paira nesta esfera.
Mais assustadora que a da atmosfera.
Com o passar da idade e do tempo...
qualquer brisa vira um tormento.
Não importa de onde vem o vento
... se do sul ou do norte,
a tempestade vem e vem forte!
Não existe abrigo e nem há prece,
ela atemoriza quando aparece.
Nada a engana!
Tempestade inútil, fútil.
... Humana!

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Oferenda perfeita

Um corpo em santuário.
E como em um lendário, nele permanecer.
Como se fosse uma linda estrada sinuosa,
de suaves curvas perigosas
E com elas, conviver.
Intactas!
Deixar que, por elas, passem sem qualquer derrapagem
E nem permitir que façam nelas, perigosa, ultrapassagem.
Nenhuma escorregada, nesta sinuosa estrada.
Apenas um belo cenário,
em um santuário, sacramentado.
Um corpo, bem plasmado pelo Senhor
Para ser Templo de um único amor.
Sinuosa, estrada!
Passante, na terra emprestada.
Quem dera um dia, uma ponte houvesse
E em forma de prece, na hora derradeira...
Ofertar pudesse a estrada inteira.
Poderosa, de sinuosas curvas perigosas.
Aos anjos e santos em oferenda.
Antes que
à vida renda.
Privilégio dos deuses, dos loucos, de poucos!
Se pudesse devolver ao Criador
...
toda angústia e toda dor, desta estrada...
Que não servirá de mais nada
... Devolveria!
Apenas um corpo, por Ele, tão bem plasmado.
Tão bem delineado!
Na vida, sacramentado.
Intacto!
... de pecado!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Deve estar voando

Resolvi conhecer uma harpia, uma águia real.
E em um sítio, a dificuldade começou, logo de cara.
Pelo nome, parecia ser um instrumento musical.
Quê qué isso dona?
...E o tratorista pediu que eu subisse na “ rabera do estrator ”
para procurar pelo bicho " isquisito" e o papo começou:
-Eu vi a Sra. toda garbosa na festa da marçonaria. A Sra. é marçon?
Sigura aí que vamo passá no mata-burro, mas é de de madeira Marciça! AH, deixa eu perguntar uma coisa: a Sra. distrai dentes?
Tirei um raú-x, do dente do cisne e deu uma infecção que o Dr. disse ser perigosa e que, se não fizer a distração do dente, a infecção arranha o dedão e alambe o coração.
Lateja e tomo gotas de "novagina", foi bom quando operei da "penis".
Falaram de um tar de chá de "Arruda"... Sei não, tomo novagina mesmo. Ao sol, exposto, ele continuou o papo, falando da "caristia" da vida. Tudo, muito, difícil Dona!
O sol estava forte e precisava de chuva. Muito morNaço!!!
Olhei-o com carinho, esqueci a harpia. Encontrei um ser com uma infecção dentária.
Nada demais, mesmo que ele já tivesse perdido algum dente, para ele, o importante era interromper o trajeto da infecção, não deixar que do dedão fosse arriba e "alambesse o coração".
Falava com orgulho desta infecção e usava palavreado difícil e
“ estudado ” ao falar comigo. Disse-me, também, que após as
“distrações” iria fazer uma "CHAPA" no particular, em prestações, porque no anexo( prefeitura) só tinha direito a "distrair os dente". Contou que um amigo havia feito as extrações em uma eleição anterior, mas o vereador não foi eleito e ele ficou "banguela". A disconcordância gramatical e o falar errado nada o comprometia ou compromete, mesmo porque, eu o entendi perfeitamente ou porque a nossa língua já tenha sido corrompida, visto o palavreado que acontece atualmente: falado, escrito e carimbado!
Gerúndio, nem pensar! Leis orgânicas, aqui, também!
A palavra é livre como a harpia. Liberei o papo, tive vontade de
“ distrair ” o condenado dente e recuperar o restante, antes que os perdesse de vez. Tive vontade de implantar os faltantes, recuperar a tábua óssea perdida pelas perdas dentárias precoces e reabsorções já existentes. Fiquei no campo das intenções. Minha especialidade é outra, mas o meu coração é único e com sensibilidade e graça participei e ri muito, com ele e toda família. E para terminar, na “ ridícula”, ou seja, edícula da casa, na soleira da porta, tomamos um mé, enquanto ele procurava em vão o RAÚ-X para mostrar a infecção do dente que caminhava do dedão ao coração. Dei viva a distração do dente e a nossa língua. Livre, leve e solta como a harpia. De um assobio longo, intenso... de uma imaginação incrível; até onde o ilimitado alcança, ouve, escreve e carimba.
Estridente, chocante e estonteante, costuma voar em círculos sobre árvores verdejantes, ou seja, sobre cabeças flutuantes, e alimentam-se de preguiças.
Deve estar voando.
Nossa lingua voa ... livremente!
Do congreço ao regreço... é um regaçço!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Pensamentos quase póstumos

Leiam!
Pensamentos quase póstumos
(Artigo escrito por Luciano Huck na Folha de S. Paulo, na data de 1/10/2007 )

Pago todos os impostos. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa
LUCIANO HUCK foi assassinado. Manchete do "Jornal Nacional" de ontem. E eu, algumas páginas à frente neste diário, provavelmente no caderno policial. E, quem sabe, uma homenagem póstuma no caderno de cultura. Não veria meu segundo filho. Deixaria órfã uma inocente criança. Uma jovem viúva. Uma família destroçada. Uma multidão bastante triste. Um governador envergonhado. Um presidente em silêncio. Por quê? Por causa de um relógio. Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia. Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa. Adoro São Paulo. É a minha cidade. Nasci aqui. As minhas raízes estão aqui. Defendo esta cidade. Mas a situação está ficando indefensável. Passei um dia na cidade nesta semana -moro no Rio por motivos profissionais- e três assaltos passaram por mim. Meu irmão, uma funcionária e eu. Foi-se um relógio que acabara de ganhar da minha esposa em comemoração ao meu aniversário. Todos nos Jardins, com assaltantes armados, de motos e revólveres. Onde está a polícia? Onde está a "Elite da Tropa"? Quem sabe até a "Tropa de Elite"! Chamem o comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade. Tenho certeza de que esse tipo de assalto ao transeunte, ao motorista, não leva mais do que 30 dias para ser extinto. Dois ladrões a bordo de uma moto, com uma coleção de relógios e pertences alheios na mochila e um par de armas de fogo não se teletransportam da rua Renato Paes de Barros para o infinito. Passo o dia pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana. TV diverte e a ONG que presido tem um trabalho sério e eficiente em sua missão. Meu prazer passa pelo bem-estar coletivo, não tenho dúvidas disso. Confesso que já andei de carro blindado, mas aboli. Por filosofia. Concluí que não era isso que queria para a minha cidade. Não queria assumir que estávamos vivendo em Bogotá. Errei na mosca. Bogotá melhorou muito. E nós? Bem, nós estamos chafurdados na violência urbana e não vejo perspectiva de sairmos do atoleiro. Escrevo este texto não para colocar a revolta de alguém que perdeu o rolex, mas a indignação de alguém que de alguma forma dirigiu sua vida e sua energia para ajudar a construir um cenário mais maduro, mais profissional, mais equilibrado e justo e concluir -com um 38 na testa- que o país está em diversas frentes caminhando nessa direção, mas, de outro lado, continua mergulhado em problemas quase "infantis" para uma sociedade moderna e justa. De um lado, a pujança do Brasil. Mas, do outro, crianças sendo assassinadas a golpes de estilete na periferia, assaltos a mão armada sendo executados em série nos bairros ricos, corruptos notórios e comprovados mantendo-se no governo. Nem Bogotá é mais aqui. Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra as centenas de relógios roubados? Onde vende? Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber. Alguém consegue explicar um assassino condenado que passa final de semana em casa!? Qual é a lógica disso? Ou um par de "extraterrestres" fortemente armado desfilando pelos bairros nobres de São Paulo? Estou à procura de um salvador da pátria. Pensei que poderia ser o Mano Brown, mas, no "Roda Vida" da última segunda-feira, descobri que ele não é nem quer ser o tal. Pensei no comandante Nascimento, mas descobri que, na verdade, "Tropa de Elite" é uma obra de ficção e que aquele na tela é o Wagner Moura, o Olavo da novela. Pensei no presidente, mas não sei no que ele está pensando. Enfim, pensei, pensei, pensei. Enquanto isso, João Dória Jr. grita: "Cansei". O Lobão canta: "Peidei". Pensando, cansado ou peidando, hoje posso dizer que sou parte das estatísticas da violência em São Paulo. E, se você ainda não tem um assalto para chamar de seu, não se preocupe: a sua hora vai chegar. Desculpem o desabafo, mas, hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio.Isso não está certo.

Minha estrela primeira

Você caiu do céu, minha estrela.
E por tanto querê-la, estrela tornei.
Tentei fazer da vida um céu e nele fiquei.
Talvez eu o tenha, muito, observado.
Do meu jeito, de vocês, eu tenha muito cuidado.
Coloquei-a neste meu céu, como um ponto muito brilhante.
Com infinitas possibilidades!
Nada impossível ou distante.
E agora, quando pra estudar, vai embora...
Tento olhar pro céu e vê-la.
E por não poder tocá-la ou tê-la... sinto um vazio enorme!
Uma dor que me consome.
Ou quando de vocês, partem fagulhas...
Que, como agulhas, conseguem me ferir...
Não tem como fingir a dor que sinto.
Triste gole de absinto!
Eu olho pro céu que eu criei...
As estrelas que eu gerei e... Quero vê-las brilhantes!
Não importa se, de mim, distantes.
Porque, minha estrela...
De tanto querê-las, sempre as observei!
Creia, eu amo vocês e... Sempre, amarei!
Ajude-me a salvar nosso céu.
Porque bem ao seu lado, existe outra estrela, de igual brilho.
Muito intenso!
De um calor imenso, de uma luz infinita.
Fico aqui observando, as duas!

Não sei qual é, a mais, bonita.
Amo vocês!
* * * *
Obrigada pelo presente de hoje e pelo brilho de vocês, neste céu, em minha vida.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O tempo em mim

O tempo desenhou sulcos, em minha face.
Como se madeira talhasse, esculpisse.
Quis a vida que eu, muito, sorrisse.
Sorri e por vezes, em prantos, eu me perdi.
E o tempo... não fez sossegar, continuou correndo.
A minha face a trabalhar e o tecido, dela, tecendo.
Ele a esculpiu e também coloriu.
Sob o olho, um tom escuro marcado, de um estranho assombreado. Olheiras!
E para desmascarar a alegria aparente que em mim existe, pintou meu olhar, de um tom profundo e triste.
Não permitiu que eu dormisse ou que descansasse.
Quis que, em minhas noites, eu também sonhasse.
E, ainda, insiste que eu viva contente...
Deixando intactos e claros, perfeitos e belos, os meus dentes!
O sulco naso- labial acentuado, pelos tantos sorrisos e caretas, marcado!
Das preocupações, ele desenhou na testa, alguns sinais.
Os lábios, ele deixou que iguais permanecessem.
Para que bem beijassem e aquecessem.
Com as mãos, ele foi bem generoso.
Ainda delicadas, deu-lhe um toque gostoso.
Talvez, Deus tenha com o Tempo, combinado
... e, assim, ele tenha deixado.
Para que de joelhos dobrados e de mãos unidas...
Eu pudesse agradecer pelas marcas do tempo, em minha vida:
Tão bem trabalhadas!

sábado, 29 de setembro de 2007

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Sonhando ao som de Ravel

Sonho...
Sonho no embalo da dança.
Na hora de sonhar, sou mulher, sou criança.
E nesta dança
... sou mulher
... Você quer?
Só pra dançar!
Sonho que você está comigo.
Fecho os olhos e vejo o céu.
Ao som do bolero de Ravel.
Resplandecente de luz,
cheio de estrelas cintilantes
... e sonho como antes.
Sinto o toque de suas mãos.
Sinto o calor do seu rosto junto ao meu.
Você e eu!
Ouço os anjos.
Que, do alto, cantam docemente.
E como antigamente, eu sinto seus lábios.
Seu beijo... desejo!
Ouço um canto e neste canto, me encanto.
O nosso corpo em leve movimento.
E neste envolvimento...
seu braço em laço,
na minha cintura lança.
Docemente me embala e me balança.
Com um beijo me cala.
Nada fala!
E quando ouço a sua fala
... é apenas um sussurrar.
E ao toque, a pele arrepiar.
Ao som dos anjos...
Melodias entoando, de forma magistral.
Encantamento celestial.
Doce envolvimento... doce laço.
Perdida em encantamento
... Em abraços.
...Em seus braços!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Já ?

Você já se sentiu acuado,
...Amarrado, de mãos atadas,
amordaçado em um canto?
Você já gritou bem alto,
e ninguém ouviu o seu pranto?
... Já?
É assim que, por vezes, eu sinto.
E por mais que eu tente,
ou que eu lamente...
Tudo se perde no infinito grito.
Abafado, sufocado.
Perdido...
no vago!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Heterônimos ou Homônimos?

Escrevendo poesias,
com vários pseudônimos.
Brincando compararam-me

ao Fernando Pessoa,
pelos muitos heterônimos.

Sou Rosa Pessoa.

Sou Ricardo Reis.
Alberto Caieiro.
Sou Leão e às vezes cordeiro.
Sou rosa.
Sou um jardim inteiro!
Sou rio, mar e sou sereia.
Sou brincadeira e seriedade.

Não sou de mentira,
sou de verdade!
Sou brisa, calmaria, vendaval.
Chuva leve, temporal.
Sou multifacetada!
Sou tudo e sou nada.
Heterônimos?
Sou anjo, nunca demônio!
Sou só uma rosa.
Única palavra, muitos homônimos!
O sentido da rosa é diverso.
Assim eu falo e nada calo.
Escrevo o verso.

Tempestade

O vento lá fora,
parece excitado.
Murmurante, balança.
E em solidário lamento,
tenta suavizar
o que dói, aqui dentro.
Nada consegue!
Não há vento,
que esta dor carregue.
Tempestade!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Comentários

Estes comentários do blog...
São muito engraçados!
Uns, dizem que sou louca.
Criticam e de mim discordam.
Tudo eu levo em brincadeira.
Elogiam meus escritos quando triste.
Outros riem das minhas asneiras.
De Assum preto já me chamaram.
Notas musicais já me mandaram.
Beijos sonoros.
Sugerem-me pinico florido de margarida.
E desejam que pássaros canoros cubram minha vida.
Alguns assinam, outros se escondem
em assinadas assinaturas.
Doces criaturas!
Sei que é graça.
Bom... assim a vida passa.
Escrevem Credo em Cruz,
dependendo da postagem.
Mas, em todas estas mensagens...
Eu sinto muito, muito carinho.
E é disso que é feito o meu ninho.
Voltem sempre aqui na Maraláxia.
Obrigada!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O sol daqui

Aqui, o sol também está bonito, como sempre.
Eu é que estou diferente.
Um sentimento triste e angustiante.
Não agora, já de antes, me povoa.
Coisa à toa!
Alguma coisa acontece.
E quando anoitece, meu coração chora.
Sinto vontade de voar, de ir embora.
Talvez, por observar e dar ouvidos a passarada.
E acordada na madrugada, eu penso sobre a vida.
E arrependida, de não ter voado, eu me entristeço.
Sei que muita coisa da vida...
Não, eu não mereço!
Mas, eu não sou um pássaro.
Não tenho asas e nem sei, como eles, voar.
Fico sempre no mesmo lugar.
Se eu conseguisse...
Meu vôo seria lindo, o mais bonito.
Seria terno, louco, cósmico.
Infinito!
Afinal, eu sou uma estrela!
Nasci para brilhar como o sol.
Para aquecer e ser generosa.
Chamam-me louca...
Mas, sou apenas uma rosa.
Sim, eu serei lembrada como a passarada.
Alguém que tentou voar para salvar tudo.
Não conseguiu, não voou.
Nem salvou nada!

domingo, 23 de setembro de 2007

Hamlet

Dedico a todos os seres que se enganam, que se entristecem.
Que corroem internamente, sofrem, choram e em sorrisos se escondem. E que heroicamente ou covardemente se calam e... morrem.
À vocês: Hamlet, a tragédia da dúvida, do desespero, da solidão.

"Ser ou não ser... Eis a questão."
"Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer..., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados? De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação perdem."

"Hamlet, peça de teatro escrita por William Shakespeare numa data não confirmada entre 1600 e 1602. É uma de suas peças mais famosas sendo fonte da célebre citação: "Ser ou não ser, eis a questão" (Hamlet, ato III, cena I).

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Insônia

O descanso, tão sagrado.
Deita o corpo.
Vira-o de lado
e ele, desassossega.
Ao sono, não entrega.
Madrugada de silencio sepulcral.
Nem grilos mais têm.
Não os ouço!
O relógio silencioso.
De mansinho, muda a hora.
E com tal demora, da atmosfera ouço,
uma descarga de eletricidade.
Que com tal felicidade, a chuva trouxe.
Em um momento doce, entoou cantos.
Na minha janela, batucada.
Ficou pouco, mas comigo, acordada.
Esperei os pássaros, sabia que viriam.
Acabou-se a noite, a madrugada.
Eles chegaram!
E na minha janela, também cantaram.
Amanheceu!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A merda do ser humano

E termina em vomito e merda
a caridade da pequena cidade.
O que seria uma festa foi um terror:
Na farmácia, remédio esgotado.
Gente correndo pra tudo que é lado.
O pronto socorro lotado!
E os catadores de limão,
atrás dos limoeiros agachados.
Gente do contra morrendo de rir
Porque a cidade toda corria
e no banheiro se escondia.
As cidades vizinhas ligando,
pra ver se o pessoal da pequena cidade
estava... e vomitando.
As hipóteses eram engraçadas.
Uns diziam que o cogumelo estava estragado.
Outros, que o povo é que era esganado
e que comeu exagerado.
Um almoço beneficente,
que foi feito por esta boa gente.
Tudo em prol dos hospitais.
Já que o governo é incapaz de mantê-los,
de forma digna e honesta.
E nesta festa, isto aconteceu.
Quem comeu...
Pasmada, vejo gente que ri e que gosta
de ver a festa terminar em...
Desculpe-me.
Mas, tem ser humano que é mesmo uma merda.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Culpa e castigo

Tomo teu pecado.
Teus erros por empréstimo.
Esquecerei do resto.
Já dei formas a tua expressão.
Já te dei o meu carinho
E o meu perdão.
Já estendi a minha mão.
Já assumi culpas indevidas.
Já ansiei pela vida.
Fluí todos os pensamentos.
Gritei os mais tristes lamentos.
Agora não é hora de regressar.
Nem sei se ainda há tempo.
Há apenas um continuar.
Continuemos então!
Dê-me a tua mão.
Vamos!
Será este teu castigo:
Continuar comigo.
Ser pelo menos,
meu amigo!

domingo, 16 de setembro de 2007

Faride Aboriham

Pediram-me um histórico.
Emocionada o esbocei, mais ou menos assim:
Faride Aboriham, filha de Miguel Aboriham e Saide Izar.
Nasceu na cidade de Espírito santo, hoje Marapoama, na data de 17 de março de 1918. Para ajudar a educar seus sobrinhos, na direção de Oscarlino Ferraz, foi convidada e aceitou o cargo de Servente no Grupo Escolar da cidade, para substituir o Sr. Enderburgo Moreira, um soldado pós - guerra que havia servido na revolução de 1932.
Ela assumiu o cargo em 25 de maio de 1951, substituindo então, o soldado de guerra com muito empenho e dignidade.
Com eficiência, garra, doçura e sabedoria.
A carga horária era feita em duplicidade vezes sem conta, pois sozinha ela assumia toda a limpeza do prédio, atendia aos professores e aos alunos, cuidando também da distribuirão diária do material escolar dos mesmos.
Cuidava de uma horta e da merenda escolar, que era feita por ela, com produtos doados por pais de alunos. Além da sopa, ainda fazia doces caseiros para o lanche vespertino.
Quando vinha alguma autoridade, ela corria para casa e ainda solicitava à suas irmãs Rosa e Anália, um bolo, um doce, um suco ou uma refeição extra.
Certa vez, havendo a escassez desta doação, a merenda foi suspensa, os alunos traziam então, a comida no caldeirão, o lanche deles, da época.
Dona Linda, como carinhosamente sempre foi chamada, esquentava a comida de todos.
Sua dedicação era tamanha, que nos dias chuvosos, ela socorria os que chegavam molhados do sítio, enxugava-os e agasalhava-os conforme ela podia. Muitos deles vestiram, nestas ocasiões, as pobres e simples roupas de seus sobrinhos.
Vários nomes passaram por esta direção. Quando assumiu o Sr. Januário Ferraz, o sarilho do poço quebrou, não tendo verbas para arrumá-lo e não tendo como remover água do mesmo, Dona Linda atravessava a rua e puxava água do poço do quintal do mal humorado vizinho, que reclamava pelo desgaste da corda ou do balde. Não era tão perto, quase o dia todo carregava baldes de água, até encher os reservatórios existentes, o suficiente para a manutenção e higiene do grupo. Precisando assim, ficar além do expediente para a limpeza do mesmo.
Carga horária não existia, era a carga do trabalho, da honradez, do serviço bem feito.
Havia quatro banheiros de fossa, às vezes, usavam de forma indevida, mesmo assim, ela docemente os brilhava com ternura e dedicação, nunca perdendo a dignidade do trabalho que lhe fora imposto.
Seu cunhado Sebastião Gonçalves, dentista da escola, através do amigo e deputado João Salgado Sobrinho, trouxe para o grupo um consultório dentário, a merenda certa e o cinema.
Os filmes eram exibidos na sala de aula e a tela era fixada do lado oposto ao quadro negro. Dona linda, de comum acordo, invertia as carteiras duplas de madeira maciça de forma ordenada, para que toda a pequena vila tivesse acesso à cultura. No dia seguinte, ao amanhecer, a sala estava em ordem, com as carteiras devidamente recolocadas para dar continuidade à alfabetização.
O grupo escolar passou a ter o quarto ano, fato este conseguido pelo seu cunhado Sebastião Gonçalves, pois na época os alunos da cidade não tinham como concluir o ensino primário, só os mais arrojados, os únicos, os Gonçalves saiam para estudar, de maneira sacrificante. Internos!
O nome então, do grupo escolar, passou a ser Professor Bento de Siqueira, em homenagem a um querido professor de Sebastião Gonçalves, que dizia ter sido seu melhor aluno. Nesta ocasião contrataram então, outra servente para ajudá-la. Sua dedicação continuou a mesma.
Aposentou-se em Quatro de março de 1983.
Nunca deixou de ser servil e dócil.
Nunca tocou em um centavo qualquer de seu pequeno e sacrificante ordenado.
Ainda recebe visitas e o carinho de ex - alunos. Alguns deles, já avós, se emocionam ao vê-la.
A homenagem do Município, não foi póstuma, tornou-se realidade, em sua presença, na data solene de 30 de dezembro de 1999, quando a homenagearam como escola:
Escola Municipal de Ensino Fundamental Faride Aboriham.

Simples seres imortais- Sr. Sebastião Gonçalves e Faride Aboriham. Eles trouxeram a cultura e o saber para uma cidade.
Simples gentes, sábios seres. Visionários fantásticos. Lutadores!
À minha mãe Rosa e a minha outra tia-mãe Anália, que também colaboraram como puderam para o progresso desta gente.
Acolhia e hospedava os professores que de longínquos lugares lá aportaram para alfabetizar a pequena vila, hoje Município.
Atualmente as famílias tentam seguir o caminho trilhado pelos Gonçalves.
Como pedem para que eu escreva um histórico assim?
Que me emociona e resgata o que há de mais belo e digno em mim?
Emocionante, esta é a essência mais pura, a herança mais dignificante da minha existência: Tias... Tia Linda!
Simples e digna família.
O agradecimento terno e o orgulho de uma região inteira.
Obrigada por esta herança imensa, tenho um orgulho enorme de ter nascido de vocês. Ternura infinda.
Ser filha de vocês, ser e estar nesta família... meu Deus !
Eu não posso estar triste, nunca!
... E eu não estarei, sou muito feliz!
Terei bisnetos que a abençoará tia Linda, que abençoará a todos vocês, a cada manhã e a cada anoitecer. Obrigada!
Esta herança é nossa!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Cio

A idade passa.
E quando você pensa que tudo foi embora...
Os hormônios afloram.
E o seu corpo chora e a você implora.
Que o melhor não adormeça.
Que seu amado acorde e o aqueça.
E que na madrugada, você escandalize.
Dê a volta por cima da idade presente.
E mostre tudo o que aprendeu
Tudo o que sabe
E o que agora pode e sente.
É a falsa liberdade que só chega com a idade.
É o tudo saber, sem nada plenamente poder.
É o arrepio.
É o entardecer do cio.
É o rodopiar no vazio.

A vida

Seduzida pelas palavras nas noites vazias,
delas, fiz poemas, simples poesias.
Estou novamente na madrugada
As palavras sufocadas,
fogem de mim.
Mesmo assim, eu não ligo.
Aprendi a ser meu próprio abrigo.
O meu estar contente, sempre presente.
Ainda hoje, alguém falava da minha alegria.
O que ela esconde e o meu fugir pra onde.
Abraçou-me num abraço forte, talvez fraterno.
Falávamos da vida, do disfarçar do inferno.
Em meio a turbulências, falamos de carências.
Uma citação, várias delas, filósofos tantos.
E para meu maior encanto, um livro é aberto.
Com a certeza de ter tentado o certo.

De ter possuído a real beleza:
Ter feito da vida,
graça, leveza.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Pé de giz

Saí pela estrada afora.
E a vontade de ir embora
fez-me soltar
e
na estrada voar
ao som desta música.
Multada, livre, leve e solta.
E muito louca, fiz sorrir o multador:
- Ouça a música, por favor!
Como é linda!
E se quiser me multar ainda...
No mais, estou indo embora baby.

Chão de Giz

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Burca

Do nada,
de burca, mesclada.
Imaculada!
Estática, parada.
A voz sufocada.
A máscara retirada:
Imaculada em nada!
A porta...
Um ranger...
Um passo!
e...
de amor morrer!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Ser Humano

Estava lendo que crescimento humano, tem custos humanos e pagamos um preço altíssimo por este crescimento. A devastação e a ruína fazem parte intrínseca do processo humano de desenvolvimento. Cabe, então, a nós, as tais escolhas, uma vez feitas, cabe também, a nós, a responsabilidade delas.
Queremos crescer? Arquemos então com o nosso crescimento!
A atribuição de culpas a qualquer outra pessoa das nossas próprias escolhas, nada nos acrescenta, apenas destrói e ficamos diminutos nesta curta passagem humana.
O ser que aprende a culpar torna tudo insuportável, é algo impenetrável, parece que o mundo se fecha à sua volta, tudo fica conturbado, inquieto.
Consegue distorcer o belo, danificar a grandiosidade da vida, não consegue vê-la de forma plena, serena e parece desestruturar tudo ao redor.
E o crescimento humano, ou seja, o ser humano que supõe crescer assim torna tudo tão angustiante, restam apenas loucura e martírio nesta curta e cansativa trajetória.
A auto-aniquilação, talvez seja a própria virtude, vista pelo lado da loucura, como se fosse algo heróico e... os supostos culpados sentem-se também aniquilados, por tais escolhas.
Fadados a tais convívios, decrescem, adoecem, envelhecem e se não forem cuidadosos, morrem!
Cabe aí, mais uma vez a escolha, é preciso ser sobre-humano, não há crescimento, nem convívio que possa ser pago com a própria vida.
Simples a vida, muito simples, não é?
Sempre há uma escolha!
E os sentimentos fazem parte dela. Sempre há o amor e o perdão. E entre a angústia e a ansiedade, há a generosidade.

Contraditória a vida!
Mas, é maravilhosa, é surpreendente, é fantástica!
... E é este desafio que nos faz ser, simples ou complexos seres Humanos.

sábado, 8 de setembro de 2007

Luciano Pavarotti - Ave Maria - Schubert

Como será esta liberdade, este fluir do espírito?
Como será alçar vôo tão distante, para no céu entrar?
Lembro-me da primeira vez que ouvi esta melodia. Linda Ave Maria!
Eu tinha doze anos e acabara de ver meu pai sussurrar algo que eu não entendi e que também não mais esqueci.
No alto- falante do pequeno vilarejo, convidavam para o lúgubre cortejo.
Era a morte anunciada, ao som da Ave Maria.
Triste dia que eu vivi e que esta Ave Maria, eu ouvi.
Alçar vôo rumo à liberdade cósmica, cantar e também no céu, encantar.
Isto é morrer e nascer em esplendor.
Nesta crença, cante e encante querido tenor.
Cante lindo e alto, todo o louvor, no seio do Senhor.
Nós o ouviremos daqui, da terra.
Tente descansar, porque nós o faremos cantar, sempre!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Toscana-Bi

E eu que pensei que Toscana, fosse só o nome comercial de uma lingüiça. Estou indo para lá verificar, olhem isso! Que tranqüilidade, sexo será apenas afetividade. Sem problemas com a idade e sem exclusividade. O ato, não precisará ser praticado com o sexo oposto. Cada qual, ao seu gosto! Isto não é apenas uma hipótese, é uma questão de hipófise! Redução hormonal, de ambos os sexos. E não fiquem perplexos!
Só daqui há algumas gerações. Calma garanhões... Calma!
Terão muitas calorias, ainda, a queimar.
Muitos bumbuns, do sexo oposto, para apreciar.
Muita saia para levantar e pernas para acariciar.
Muitos seios para tocar, beijar.
Muitas nucas para sussurrar e arrepiar.
Muitos Viagras para tomar e o "artificial" sexo, bem desempenhar.
Muitas mentiras para contar, antes de...
Calma... calma!
Qual é o problema, quem sabe?
Poderemos ser bi, tri e talvez assexuados.
E nada de... Coitados!
Seremos pássaros- anjos, voaremos em afetos, bateremos asas.
E nas tardes de solidão, como em passe mágico ou de mão...
você esticará o fio, aliás, no fio, sua perninha e poderá bater asinhas.
Não é lindo?
Estou doida para ver vocês... o fio esticado, suando dobrado.
Sem nexo, sem sexo!
Apenas pássaros- anjos! Arcanjos marmanjos. Nada, conseguindo... nem nas nuvens subindo.
Virando anjinho... Com medo de ver morto, o passarinho... http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1840229-EI1827,00.html

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Sua voz

A sua voz...
Eu não sei que timbre tem.
Se rouca ou cristalina.
Se áspera ou suave.
Se aguda ou grave.
Se cálida também.

Cega eu tateei e vi seu rosto.
Insípida, eu senti o seu gosto.
Surda, a sua voz, agora, eu ouço.
Neste silencio...
Ela soa grave, rouca e forte.
Fria... como a morte!

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Um dia...
Eu irei por um caminho.
Estarei só!
Das minhas alegrias,
farão histórias.
Serei uma confusa
e alegre memória.
Mais nada!
E ninguém saberá,
exatamente, o que foi a minha vida,
ou o quê, vai à minha alma.
Ou o quê, tanto, me angustia,
ou porque, nada, me calma.
Sobrará apenas, minha confusa, alegria
Mais nada!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

SHE ; ELA ; ELLA by Elvis Costelo Charles Aznavour

Silêncio

Sábio silêncio, que eloqüente, fala mais que um discurso.
E nesta platéia, eu curso e vago em palavras.
Dizem que palavras são atitudes mortas, parcialmente concordo.
Mas, quando as palavras falam e eloqüentes expõem sentimentos, não são mortas. As minhas, não!
São ditas com o coração, expostas com a transparência da alma.
As palavras são usadas de tantas formas, até para dizer sobre o silêncio.
Palavras foram feitas para serem escritas e ditas, senão qual seria a função da escrita e da fala?
Cairíamos na lei do desuso. Mas, como tudo tem um "mas", vamos entender o silêncio. E não é que ele fala?
Além de esclarecedor, é estarrecedor.
O silêncio diz que você não é importante, não é necessário e que é indiferente. Ele diz o que ele pensa acerca de alguém. Pronto!
Para que usar os meios normais de comunicação? Hoje, o silenciar, para alguns, é ousar. O silêncio também é isso, sabiam? Ousemos então!
Fiquemos indiferentes a tudo que nos cerca e as pessoas também!
Mas, eu não consigo entrar nesta onda, eu morro se eu ficar calada.
Embora eu entenda muito bem o silêncio, sei muito bem o que ele fala.
E quando o silêncio assim me angustia, eu olho pro céu e me procuro...
E lá eu ouço a voz do silêncio que cintila.
Louca, ouço também as loucas estrelas.
Para vocês recordarem...

" Soneto XIII da Via Láctea "

" Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo Perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto.
E conversamos toda a noite,
enquanto A Via Láctea como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.”

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido
Tem o que dizem,quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Soneto XIII da Via Láctea (Olavo Bilac, Poesias, 1985: 52)

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

É a vida

Caixa surpresa.
Um arsenal de guerra,
onde encerra um quebra-cabeça.
Juntar as peças e algo formar.
E pronto, eis o espanto!
Quebra-se o encanto.
Nada é diferente.
É a vida,
simplesmente.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Anjo... Plastia

Um colorido balão.
Magicamente inflado

De múltiplas cores!
A gordura é destruída.

A artéria desobstruída.

Tudo circula.
Flui amor nelas.
Sempre fluíram!
Nestes vasos...
Sempre floriram!

Um beijo doce e terno.
Que seja eterno o amor.
Os poemas e as poesias.
E que façam alegrias
da ternura que infinda.

Bendigo, ainda, o seu canto.
Que seja, sempre, nosso encanto.
Sua música em poesia, que fascina
E pela menina que em mim existe.
Por tudo de bom que, ainda, persiste,
agradeço a Deus pelo seu viver.
E por assim querer bendigo:
Por ter sido, sempre, meu amigo.
Por ter estado, sempre, comigo.
No meu chorar e no meu contente.
Por ser presente... em minha vida.
Obrigada, Toninho!

Meu irmão querido.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Um Templo Sagrado

Quando falo em buscas, é porque a vida é uma incessante busca.
A vida é muito mais, vai além do que pensamos ser ou do que supomos querer. E quando chega o momento do encontro, do suposto desejado, pode ser que, haja um desencontro. Mesmo assim, humanos que somos, continuamos buscando e é neste sentido que falo e assim exponho. Buscas tantas... Profissionais, de relacionamentos, afetivas, religiosas, educativas e outras mais. Exemplares, fortes, decisivas e sorridentes.
Nunca tristes, doentes, destrutivas.
E nesta vida, cheia de buscas, encontrei o único homem da minha vida, meu marido! Neste encontro, edifiquei o meu mais belo sonho em realidade. Construí um templo! E neste templo, perpetuarei, sempre!
A vida é cheia de incessantes buscas, vi que as teria para sempre. Isto é decorrente do Ser humano.
Deparei-me com um Ser mais apressado que o vento.
Lutei contra a maré, tentei enrolar o tempo e quando vi, eu também estava nela. Mareei, entre tantos questionamentos. Busquei também, as " buscas" tantas.

A primeira, nesta maré, um desafio!
Entrei nela, mudei meu rumo e viajei muito! Desafiei -a e com muito tato, encontrei o equilíbrio. Diante de tamanha busca, angustiante, chorei muito e continuei. Aqui estou e ainda buscando, claro!
Talvez porque, de repente, eu tenha me perdido um pouco nesta maré, ou o sol tenha se escondido enquanto eu mareava, ou tenha bebido água salgada demais, ou o vento tenha sido muito forte pra mim, ou ela muito alta, ou... ou... ou porque eu tenha aprendido a viver buscando sempre.

Aprendi que, o que queremos, está dentro de nós mesmos. E mesmo sabendo, continuo a buscar. Eu não posso aceitar a vida, sem fazer as pessoas que eu mais amo, felizes também.
Eu as quero bem!
Nada me intimida a não ser a própria vida e por isso a desafio, com o meu contente. Vou vivê-la sim!
E quero o meu edifício todo feliz também.

Viverei simplesmente assim.
Protegerei o que eu construí, sempre!

Neste alicerce, edifiquei a minha vida. Para sustentá-lo, busco e hei de buscar.Nunca o destruirei e nem permitirei que o façam, por isso tanto busco. Sustento este edifício, preservo-o, com muito amor. Busco apenas preservá-lo, mais nada!
Rego o jardim, para bem flori-lo.
Sou Rosa, não sou?
Neste templo, só amor.
Sempre!

domingo, 26 de agosto de 2007

Buscas

Já é quase madrugada.
Não tem pássaros, quase nada!
Nem sei o quê, tanto eu procuro.
Nesta busca, eu te encontrei.
E neste encontro, eu me perdi.
Fiquei, aqui, a procurar
e hoje eu volto a esperar.
Perdida... onde eu estou.
Questionando o que restou.
Onde eu posso me encontrar
... se nem sei, onde buscar?

sábado, 25 de agosto de 2007

Súplica

Vem... eu estou aqui!
Fantasiei-me de sereia
E na areia, quase me perdi.

Vem...
Sabe que, eu, estarei aqui.

Fui jardim,
virei pássaros

Beijei flores.
Andorinha, Beija-flores
... e nem me perdi.

Vem...
Vem, porque te espero
e hoje, eu te quero!
Angustio-me tanto,
faço-me encanto.
Vem...

E eu te procuro,
faz muito escuro, aqui.
Vem...
Antes que eu te esqueça
e alguém apareça.
E... me aqueça!
Vem...
Vem...
Vem!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Limites

Hoje, fui levar o meu contente, a uma amiga de sorriso doce.
Que a vida trouxe, de presente, dois filhos, lindos!
E desfiz-me em prantos.
Escrevo-lhes isto, para que observem limites dados.
Para que não carreguem, depois, pesados fardos.
Li, duas cartas a eles, endereçadas.
Do filho que hoje, interno, tenta sair do inferno...
Drogas!
Lá, um neto, que lhe trás afeto e muita doçura.
E nesta ternura ou loucura, extrema preocupação.
Meu Deus!
Moramos em um Horizonte, que até ontem, tranqüilo e manso.
E, neste remanso, vivíamos felizes, longe desta tortura.
Como se ilesos, nunca ficaríamos, nisto, presos.
Hoje, eu queria ter sido, o que sempre tentei ser:
Um abrigo!
Ter levado a eles, meus amigos, o meu contente.
O meu abraço forte, o meu colo quente.
Abraçar... abracei!
O meu contente... ficou perdido.
Meu coração ferido, eu não sei.
E no meu sorriso... eu chorei.
Muito!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Pássaro ferido


Neste jardim, eu deixo de ser flor.
Para ser pássaro e voar a minha dor.
Talvez... um sabiá!
Meu pranto encanto, hei de calar!
Paro, só agora, de cantar.
Eu, quero-quero e irei me transformar!
Ou poderei ser um triste rouxinol.
E cantar na chuva ou reger ao sol.
Ou um Pintassilgo!
Pintassilgo... eu não consigo ser!
O bico, eu não fecho, até morrer.
Com a ortodontia, já me casei...
Do casamento, quase, eu cansei...
Pássaro cosmopolita, eu pensei...
Uma Andorinha!
Ando tão sozinha...
Eu quero sair e voar por aí.
Voar para, outros, lugares.
Alçar vôo em novos ares.
Voar bem alto, aos pares!
Cantar, bem longe, daqui.
Cantar por onde, eu for.
Cantar alto o meu amor.
O que me assombra... Cortar entre os ares.
E sendo assim...
De outras águas, eu beberei e outras flores, eu beijarei.
De outro néctar, sedutor, eu provarei.
E quando eu retornar a este jardim deserto... Eu o polinizarei!
Com pólen, de lindas flores, de todas as cores!
Será o jardim mais colorido, o jardim da rosa... merecido!
Honrosa rosa, em seu real sentido.
Tentando, sempre, ser ou melhor ter sido.
Rosa, apenas uma rosa – flor.
Sempre, lembrada, ao falar de amor.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Semeadora de sonhos



Era uma vez...
Um terreno fértil e um pouco deserto.
E uma semeadora de nome flor.
Semeava sonhos, ao semear amor.
Certa vez, contratou um jardineiro.
O terreno, antes deserto, com o jardineiro por perto... brotou, todinho, em flor.
E a semeadora, toda dengosa, semeou amor.
Mas, logo depois...
Veio a ausência de água ou de adubagem.
Ou a semeadora, semeou bobagem.
Ou então, o jardineiro fugiu, sumiu!
As plantas, todas, entristeceram.
De repente, quase todas, morreram.
Os pássaros emudeceram.
Sementes, eles, não podem mais transmutar.
E sem o jardineiro, por perto, novas flores... ela não pode mais plantar.
Só ficou uma roseira no lugar!
Despetalada, desfolhada e triste.
Retratando a realidade que existe:
Nada é eterno!
Nem mesmo o céu, nem mesmo o inferno.
Nem mesmo as alegrias ou as dores.
Nem mesmo a eternitude, das sonhadas, flores.
A vida é assim!
Fim do imaginário jardim.
Apenas uma rosa, despetalada e... triste.
É isto, que neste jardim, existe.