Resolvi conhecer uma harpia, uma águia real.
E em um sítio, a dificuldade começou, logo de cara.
Pelo nome, parecia ser um instrumento musical.
Quê qué isso dona?...E o tratorista pediu que eu subisse na
“ rabera do estrator ”para procurar pelo bicho
" isquisito" e o papo começou:
-Eu vi a Sra. toda
garbosa na festa da
marçonaria. A Sra. é
marçon?
Sigura aí que vamo passá no mata-burro, mas é de de madeira
Marciça! AH, deixa eu perguntar uma coisa: a Sra.
distrai dentes?
Tirei um
raú-x, do
dente do cisne e deu uma infecção que o Dr. disse ser perigosa e que, se não fizer a
distração do dente, a infecção
arranha o dedão e alambe o coração.
Lateja e tomo
gotas de "novagina", foi bom quando operei da "penis".Falaram de um tar de
chá de "Arruda"... Sei não, tomo
novagina mesmo. Ao sol, exposto, ele continuou o papo, falando da
"caristia" da vida. Tudo, muito, difícil Dona!
O sol estava forte e precisava de chuva. Muito
morNaço!!!Olhei-o com carinho, esqueci a harpia. Encontrei um ser com uma infecção dentária.
Nada demais, mesmo que ele já tivesse perdido algum dente, para ele, o importante era interromper o trajeto da infecção, não deixar que do dedão
fosse arriba e
"alambesse o coração".Falava com orgulho desta infecção e usava palavreado difícil e
“ estudado ” ao falar comigo. Disse-me, também, que após as
“distrações” iria fazer uma
"CHAPA" no particular, em prestações, porque no anexo( prefeitura) só tinha direito a
"distrair os dente". Contou que um amigo havia feito as extrações em uma eleição anterior, mas o vereador não foi eleito e ele ficou
"banguela". A disconcordância gramatical e o falar errado nada o comprometia ou compromete, mesmo porque, eu o entendi perfeitamente ou porque a nossa língua já tenha sido corrompida, visto o palavreado que acontece atualmente: falado, escrito e
carimbado!Gerúndio, nem pensar! Leis orgânicas, aqui, também!A palavra é livre como a harpia. Liberei o papo, tive vontade de
“ distrair ” o condenado dente e recuperar o restante, antes que os perdesse de vez. Tive vontade de implantar os faltantes, recuperar a tábua óssea perdida pelas perdas dentárias precoces e reabsorções já existentes. Fiquei no campo das intenções. Minha especialidade é outra, mas o meu coração é único e com sensibilidade e graça participei e ri muito, com ele e toda família. E para terminar, na
“ ridícula”, ou seja, edícula da casa, na soleira da porta, tomamos um
mé, enquanto ele procurava em vão o
RAÚ-X para mostrar a infecção do dente que caminhava do dedão ao coração. Dei viva a
distração do dente e a
nossa língua. Livre, leve e solta como a harpia. De um assobio longo, intenso... de uma imaginação incrível; até onde o ilimitado alcança, ouve, escreve e
carimba.
Estridente, chocante e estonteante, costuma voar em círculos sobre árvores verdejantes, ou seja, sobre cabeças flutuantes, e alimentam-se de preguiças.
Deve estar voando.
Nossa lingua voa ... livremente!
Do congreço ao regreço... é um regaçço!