A vingança da porta
( Alberto de Oliveira )
Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha
e interrogava... Ele, cerrando os dentes:
— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha
calmava-se; feliz, os inocentes
olhos revê da filha e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...
Nisso nos gonzos range a velha porta,
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta.
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Furnandes Albaralhão (Horácio Campos), poeta e humorista, escreveu poemas "lusitânus" e compos paródias de poesias de autores nacionais e estrangeiros.
( Alberto de Oliveira )
Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes
— "Que te fez esta porta?" a mulher vinha
e interrogava... Ele, cerrando os dentes:
— "Nada! Traze o jantar." — Mas à noitinha
calmava-se; feliz, os inocentes
olhos revê da filha e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldrava, o coração lhe fala
— "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...
Nisso nos gonzos range a velha porta,
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta.
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Furnandes Albaralhão (Horácio Campos), poeta e humorista, escreveu poemas "lusitânus" e compos paródias de poesias de autores nacionais e estrangeiros.
Autor do livro: "Caldo Berde".
O texto abaixo foi extraído do livro "Humor e Humorismo - Paródias", Editora Brasiliense - São Paulo, 1961, pág. 311, antologia organizada por Idel Beker, onde o autor faz uma paródia da poesia de Alberto de Oliveira, postado acima.
A bingança da porta
( Furnandes Albaralhão )
Era um custume vesta que ele tinha
intrar vatendo a porta: — "Antão Manéle!
lhe dizia a mulhére, que papéle!
não me faças romôre! Olha a bizinha!"
E todo dia era essa ladainha!
Sujaito deshumano, pai cruéle,
dizia-lhe: — Si tains amôre à pele
daixa-me sussigado, ó mulherzinha!"
Uma noite em que bâiu desse jaito,
a pinitrar cum falta de ruspaito
na casa em que amvos eles dois residem,
avrindo a porta a punta-pés, zangado,
biu pulo chão, uma de cada lado,
a mulhére inguiçada e a filha idem!
A bingança da porta
( Furnandes Albaralhão )
Era um custume vesta que ele tinha
intrar vatendo a porta: — "Antão Manéle!
lhe dizia a mulhére, que papéle!
não me faças romôre! Olha a bizinha!"
E todo dia era essa ladainha!
Sujaito deshumano, pai cruéle,
dizia-lhe: — Si tains amôre à pele
daixa-me sussigado, ó mulherzinha!"
Uma noite em que bâiu desse jaito,
a pinitrar cum falta de ruspaito
na casa em que amvos eles dois residem,
avrindo a porta a punta-pés, zangado,
biu pulo chão, uma de cada lado,
a mulhére inguiçada e a filha idem!
4 comentários:
fátima,
neste final de tarde de domingo, uma visita às portas amigas onde as vinganças são brisas que não sabem bater.
um abraço!
Não consegui entender esta linguagem
Pois é, o humorismo faz dessas coisas.
Graça sobre coisas sérias.
A poesia primeira é linda...
Boa semana!
Com carinho
Fátima
É muito complicado para um brasileiro perceber um e outro poema.
Ambos contêm erros de português propositados, procurando imitar a pronúncia real de uma zona específica de Portugal, onde muita gente, por exemplo, troca os "vês" pelos "bês".
Não conhecia nenhum dos poemas.
Querida amiga, boa semana.
Beijos.
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